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quinta-feira, 16 de junho de 2011

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Vamos de poesia?!

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
 
Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
 
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
 
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
 
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
 
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
 
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o Brasil em mil Brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
 
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo.

Chay Fernandes
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pré-Conferência

Charge não meramente ilustrativa.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010

9ª Mostra Nacional de Vídeo Universitário.

E começa amanha a 9ª Mostra Nacional de Vídeo Universitário.
A mostra acontece de 1 a 4 de Dezembro, com sessões as 11 e as 19 horas no Centro Cultural da UFMT.
Não deixem de marcar presença. E pra quem se interessar vai ter 3 oficinas:

Introdução a Direção de Arte com Carol Araújo
Do Roteiro ao Filme com Bruno Bini
Fotografia em Vídeo com João Carlos Bertoli

As inscrições podem ser feitas no Cineclube Coxiponés, no C.A de comunicação e também no departamento de comunicação.

O Coletivo Juntos Somos Fortes tem sua presença confirmada na mostra.


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sábado, 20 de novembro de 2010

Escureceu...

Por Keka Werneck*

Quando a situação é limite, a coisa fica preta. Delinqüentes de toda espécie formam listas negras. Alguém desagradável chega e fecha o tempo.

Por outro lado, uma orientação em boa hora clareia o pensamento. A mulher dá luz ao bebê. Os esclarecidos são inteligentes.

No mundo racista, preto, negro e escuro significa ruim, inferior, pior.

Em todas as sociedade escravagistas, como no Brasil, essa ideologia perpassa a vida das pessoas, muitas vezes sem que elas percebam. É o inconsciente coletivo. Nos detalhes, inclusive lingüísticos, perpetua-se o julgo de uma raça sobre outra, como se houvesse mais que apenas uma, a humana.

A maioria das crianças brasileiras que morrem por doenças tratáveis é negra. Parturientes negras morrem mais do que as brancas. A maioria dos empobrecidos nas favelas é negra. Nos presídios, purgam os negros e negras, maioria nas celas. Entre os que estão fora da escola, persistem os negros. A maioria dos trabalhadores na informalidade, sem direitos trabalhistas, é negra. Se isso não for apartheid racial...

Fala-se hoje sobre o bullying, que é o assédio psicológico e físico insistente na escola, e que gera alto nível de estresse e sofrimento à criança. O racismo é o bullying mais antigo. Já existia quando ainda não se falava nisso, nem se falava em racismo, nem em nada disso.

O fato de não ser preto não isenta ninguém de refletir sobre racismo. Devem refletir sobre isso todas as pessoas de bem, em todo lugar do planeta. Não é só no Brasil que isso acontece. O racismo é um problema internacional. E não apenas de negros.

O dia da consciência negra, no Brasil, é 20 de novembro, quando morreu Zumbi, herói brasileiro. Hora de lembrar que as coisas, situações e pessoas pretas e brancas são boas e ruins.

E tem tanta coisa linda preta. A noite escancarada, o mistério da madrugada, olhos como jabuticabas, a amora adocicada. O pelo da pantera. Esse povo brasileiro...


Essas coisas tão nossas, tão belas!




* Keka Werneck é jornalista em Cuiabá.



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