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domingo, 31 de outubro de 2010

Você

Você! Sim, você!
Você se sente parte disso tudo?
- Disso o quê?
Disso tudo. Disso que está aí. Que nos foi passado.
Você quer dizer?
Então, ouça também. Ouça comigo.
Ele quer falar. Ela só sabe dizer com o corpo.
Mas fala!
Fala pra mim,  fale pra nós, fale, principalmente, pra você.
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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Homossexuais x Mídia

“Você se sente representado pela televisão?”. Eu gosto sempre de me fazer essa pergunta e a cada dia que passa consigo responder isso com mais propriedade diante dos exemplos que são colocados para a sociedade num canal aberto para todo o Brasil:
Pit Bicha e Pit Bitoca
Frescone (Zorra Total) 
Brüno (Sacha Baron Cohen)

Todos os gays que você conhece são dessa forma que a Globo e a mídia burguesa mostram? Caricatos, afetados, fúteis, bordões e trejeitos femininos a serviço do humor, em conseqüência disso, a serviço da audiência, do capital.

Sem respeito nenhum, desmoralizam pessoas, atropelam direitos e promovem o preconceito. O primeiro artigo dos Direitos Humanos é: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”, mas infelizmente a Declaração Universal, que existe há mais de 60 anos, não cumpre seu papel e prova que a dignidade e os direitos têm um preço. E pagamos com a propagação da ignorância e do preconceito, que trazem juntos a Homofobia – aversão a homossexuais – que tem sido a motivação a tanta violência e humilhação.

Você sabia que no ano de 2009 quase 200 pessoas foram mortas por crimes de homofobia? Já em 2008, um homossexual a cada 2 dias era morto, segundo a pesquisa do Grupo Gay da Bahia, todos com requinte de crueldade e tortura. Em 80% dos casos de crime aos gays os homicidas são desconhecidos da vítima. E mesmo com toda essa estatística assustadora os números vêm aumentando a cada ano e nada garante os direitos desses cidadãos contribuintes como qualquer outro.
Emanuely, 49 anos, cabeleireiro, levou dezenas de tiros e facadas, uso de múltiplas armas, tortura prévia e a declaração do assassino foi: “matei porque odeio gay!”.

Por isso, é tão importante para todos a democratização da comunicação. Acredito piamente que se fossemos devidamente representados pela mídia, as pessoas sairiam da ignorância e veriam os homossexuais como humanos, aprenderíamos a respeitar as diferenças, conhecê-las e até a adorá-las. Acredito ainda, que criminalização a homofobia garantirá a segurança e os direitos aos gays, já que os direitos humanos não o faz, e somente em 10% dos casos de violência aos LGBT’s, o criminoso é levado a julgamento. Dessa maneira, veríamos os homossexuais como pessoas que trabalham, estudam, fazem compras, pagam seus impostos e, acima de tudo, amam.
Logo, essa mídia não nos representa.

Por Pedro Henrique Brites
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O PODER DO DISCURSO

                                                                                                                 
por Juliana Segóvia

Falamos muito sobre o poder do discurso e daqueles que utilizam deste para exercer algum tipo de dominação. As palavras, carregadas de significados e paradigmas históricos refletem nos nossos dizeres cotidianos as práticas sociais de gerações. A questão é se sabemos até onde reproduzimos determinados discursos, ou se pelo menos reconhecemos o poder das palavras ditas, escritas, pensadas.


Quando temos a noção do poder dessas construções simbólicas _ utilizadas para nos fazer entendidos, comunicarmos e entendermos o outro_  passamos a analisar tudo que chega até nós de uma forma “desconfiada”, a buscar as fontes, a ter criticidade com embasamento de leituras do mundo.

E o poder daqueles que dominam a linguagem e utilizam-se desta para manifestar revolta contra tudo isso que nos consome e que nos explora?

Em dezembro de 2009, adquiri um livro do poeta Carlos Drummond de Andrade chamado A Rosa do Povo, publicado em 1945. Li e reli alguns poemas, me identificando em determinadas idéias, em relação ao que vivia na época, como o poema Consolo na praia. Tinha 24 anos.

No mesmo ano, assisti um documentário no qual o estudioso Morin dizia: _ Não há poesia na miséria! Concordei. Como poderiam aqueles que dedicam a vida a compreender a sociedade, como muitos literatos, escritores, se manterem no âmbito do escrever? Isso perdurou até o dia em que minha amiga Luiza Raquel, lendo O Elefante marejou seus olhos após ler e disse: _ Não, não desisto! “Amanhã recomeço”. Não deixarei de acreditar que tudo pode mudar.

Luiza foi impactada pelas palavras de Drummond de uma forma que não haviam me impactado, capaz de fazê-la mais uma vez acreditar no ser humano, mais uma vez acreditar na idéia de transformação social. Meses a fio refleti do “por que” de não ter a mesma sensibilidade.

A tentativa humana de perpetuar e materializar o mundo em imagens, símbolos e sons existe na arte e seu sentido amplo; na música, nos livros, nas pinturas, na poesia. Manifestar o momento histórico e suas revoltas, eternizar as reivindicações de uma sociedade que nunca deixou de ser permeada pela correlação de forças; divulgar o que é belo, o que é ideal, o que é triste, o que é miséria, o que é esperança.

Não vivo na miséria. Ler, ler com sensibilidade e criticidade são práticas que devem ser diárias, e nós, essa demanda de estudantes que tem nas mãos a oportunidade de absorver os discursos que trabalham com a verdade, temos de tomar isso quase que como uma obrigação pessoal. Pessoas com realidades socioeconômicas parecidas e que acreditam ter nas mãos o instrumento de transformação: o acesso ao conhecimento e as práticas que derivam dele.

Viva a poesia! Viva as oportunidades iguais! Viva ao coletivo! Viva ao conhecimento! Viva as ações! VIVA AO DISCURSO EMBASADO E CRÍTICO!

Para celebrar àqueles que fizeram das palavras artifícios poderosos de mudança, e que em seus dons fomentam uma sociedade mais justa, coloco um poema de Carlos Drummond de Andrade, do livro A Rosa do Povo, chamado A flor e a náusea. O mínimo de sensibilidade permitirá compreender a intensidade que cada palavra carrega nesse desabafo esperançoso.


A FLOR E A NÁUSEA

Preso à minha classe e a algumas roupas,

vou de branco pela rua cinzenta.

Melancolias, mercadorias, espreitam-me.

Devo seguir até o enjôo?

Posso, sem armas, revoltar-me?



Olhos sujos no relógio da torre:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre

fundem-se no mesmo impasse.



Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.

As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.



Vomitar o tédio sobre a cidade.

Quarenta anos e nenhum problema

resolvido, sequer colocado.

Nenhuma carta escrita nem recebida.

Todos os homens voltam para casa.

Estão menos livres mas levam jornais

e soletram o mundo, sabendo que o perdem.



Crimes da terra, como perdoá-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi.

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que ajudam a viver.

Ração diária de erro, distribuída em casa.

Os ferozes padeiros do mal.

Os ferozes leiteiros do mal.



Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.

Porém meu ódio é o melhor de mim.

Com ele me salvo

e dou a poucos uma esperança mínima.



Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.



Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.



Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.



Obrigada Drummond!
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domingo, 24 de outubro de 2010

Membros do Coletivo mostram produção audiovisual no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá

Só neste semana serão exibidos dois vídeos produzidos com o participação de membros do Coletivo, de uma forma ou de outra. Estreia amanhã no 17º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá o curta 'Fita Amerela', do Núcleo Lado B, com direção de Madiano Marcheti. O vídeo, que trata de temas como velhice, loucura, memórias e nostalgia, foi um dos selecionados para a mostra competitiva. A abertura do Festival, que vai de 25 a 30 de outubro, terá início às 19h. "Fita Amarela" será o primeiro vídeo exibido.

Cena de 'Fita Amarela'. (Foto: Cícero Lima)
Outra produção é 'Colapso Narciso', de Maurício Falchetti, a ser exibida dia 25 de outubro, a partir das 17h. Deste curta, a participação do Coletivo é por meio do roteiro, escrito pelo estudante da publicidade e propaganda na UFMT, Felippy Damian, que participa também do Núcleo Cellula. A exibição será da Mostra de Filmes do Mato, voltada para a produção local. A história Raul Narciso leva o expectador a uma viagem sobre identidade e vaidade.

Cena de 'Colapso Narciso' (Foto/frame: Maurício Falchetti)
A noite de abertura contará com a presença de diretores de cinema de vários estados brasileiros, profissionais das artes e autoridades. O Festival, realizado pelo Instituto Cultural América (Inca), exibirá até o dia 30 de outubro,  33 filmes na Mostra Competitiva, em quatro categorias, sendo 11 vídeos, 14 curtas, dois médias e seis longas. Vale destacar que a entrada é gratuita.

Após a cerimônia de abertura e a exibição de 'Fita Amarela', serão exibidos mais dois vídeos, três curtas e um longa: animação “Imagine uma menina com cabelos de Brasil” (RJ), de Alexandre Bersot e “Olhar de João” (GO), e Mariley Carneiro. A Mostra Competitiva de Curta projeta três produções.  A ficção ”Peixe vermelho”  (RS), de Andreia Vigo,  “Tempestade”(SP), de Cesar Cabral,  e “Circuito interno” (SP), de Júlio Martí.

A Mostra Competitiva de Longa-metragem exibe o filme de estreia de Marco Ricca na direção. O badalado “Cabeça a prêmio” (RJ) discute decadência, poder, traição. Três histórias se entrecruzam numa paisagem desoladora de fronteira – fim de linha entre o Brasil, o Paraguai e a Bolívia, terra de personagens desgarrados, esquecidos, sem ilusões.
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sábado, 23 de outubro de 2010

'Aqui é um faroeste', diz especialista; debate deve retornar após as eleições



Natalia Viana - Opera Mundi

No Brasil, a discussão sobre a regulação da mídia esquentou no ano passado, depois que o Supremo Tribunal Federal extinguiu a Lei de Imprensa elaborada no Congresso e promulgada durante o regime militar, em 1967. Hoje o país tem uma série de leis, normas e órgãos que regulam as empresas de comunicação, mas não há uma política nacional que considere todos os aspectos da comunicação nem uma lei geral.
O Código Brasileiro de Telecomunicações (lei 4.117) é de 1962; em 1996, a parte que tratava do setor das chamadas "teles" passou a ser regida pela lei 9.295, que permitiu a privatização do setor. O mesmo código voltou a ser modificado em 2002, para permitir a entrada de capital estrangeiro nas empresas de comunicação (até 30%). Outras leis específicas regulam a Empresa Brasileira de Televisão, a TV digital, a radiodifusão comunitária e outros aspectos.
Para o professor Murilo César Ramos, da UnB (Universidade de Brasília), é essa “miríade” de leis e normas que dintingue o Brasil do resto do mundo.
“Aqui é um faroeste. Não há uma lei efetiva para regulação de rádio e TV. A lei que existe é totalmente inaplicável, superada no tempo. Só para se ter uma ideia, ela antecede a radiodifusão em FM! Além disso, os dispositivos de propriedade cruzada, controle por grupos econômicos e regulação de programação regional previstos na constituição nunca foram regulamentados”, afirma Murilo César.
Um exemplo da falta de aplicação da lei é o artigo 220, que proíbe oligopólios e monópolios no setor e institui a complementariedade entre os três sistemas - público, privado e estatal - de rádio e TV. O artigo 221, que trata das finalidades educativas e culturais da programação e garante a regionalização e a presença da produção independente, é outro que nunca foi regulamentado.
Debate

É exatamente isso que está em pauta no debate sobre uma nova lei. Para Murilo César, o Brasil está ficando para trás em relação a outros países sul-americanos, como Argentina e Venezuela.
“Não estou entrando no mérito de se as leis desses países são boas ou ruins. O importante é que há leis novas. Essa que é a grande novidade. E por isso existe hoje no Brasil uma grande demanda por um marco regulatório novo, atual”, comenta.
O debate deve pegar fogo depois das eleições. Em novembro, haverá em Brasília um novo evento para discutir o marco regulatório para a indústria de mídia. Será o passo seguinte à Confecom (Conferência Nacional da Comunicação), que aconteceu em dezembro do ano passado e terminou com 633 propostas aprovadas.
Entre elas, havia novos critérios para concessões de frequência da rádio e TV; a criação do Conselho Nacional de Comunicação (órgão independente para criar políticas públicas e regular sua aplicação); a criação de mecanismos de fiscalização para punir rádios e TVs que veiculem conteúdos depreciativos; uma nova lei de imprensa que garanta direito de resposta e assegure a pluralidade de opiniões; cotas para programas educacionais, culturais e informativos; reserva de 50% para programação nacional nas emissoras; restrições à propriedade cruzada; e limite à formação de redes nacionais por emissoras de TV, reduzindo o número permitido de afiliadas.

Para João Brant, do Coletivo Intervozes, uma das medidas mais importantes seria criar um espaço de participação popular para discutir os rumos das políticas públicas. “A organização do sistema de comunicação protege grandes interesses comerciais, mantém a concentração e não institui a pluralidade e diversidade de conteúdo. Isso é grave porque os meios de comunicação têm um papel central na circulação de ideias e valores, é dessa fonte que a sociedade bebe. Quanto maior o acesso a esse espaço, mais democrático”, defende.
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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Visão do mundo na mídia é masculino, constata monitoramento

Redação
 Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação
 

A imagem do mundo representada na mídia é predominantemente masculina, confirma o 5. projeto de Monitoramento Global da Meios 2010, organizado pela Associação Mundial de Comunicação Cristã (WACC, a sigla em inglês) realizado no dia 10 de novembro de 2009, cujos resultados foram agora divulgados.

 “Quem aparece nas notícias?” – foi a pergunta principal do monitoramento, que avaliou, no mesmo dia, 1.365 jornais, canais de televisão, emissoras de rádio e páginas da internet, revisando 17,7 mil notícias em 108 países, abarcando 82% da população mundial.


Das notícias do dia, só 24% das pessoas sobre as quais se leu, viu e ouviu no dia do monitoramento foram mulheres e 76% homens. Em 1995, ano do primeiro monitoramento da WACC, essa proporção foi de 17% para 83%.
O levantamento também mostrou que 37% das notícias foram elaboradas por repórteres mulheres, mas quando se trata de opinar, a grande maioria parte de analistas homens.


 A América Latina apresenta a maior percentagem de sujeitos femininos nas notícias, com 29%, enquanto o Oriente Médio apresenta o menor índice, com 6%.
A maior disparidade da presença de homens e mulheres na mídia dá-se no segmento das profissões. Do total de notícias sobre educação que apareceram na mídia no dia do monitoramento, 69% reportaram-se a educadores homens, 69% a profissionais de saúde do sexo masculino, 83% foram advogados e 90% cientistas.


De 25 categorias profissionais sobre as quais apareceram notícias e reportagens na mídia internacional, apenas em duas destacaram-se mulheres: donas de casa, com 72%, e estudantes, com 54%.
 “A imagem que se vê através das notícias é a de um mundo onde as mulheres são praticamente invisíveis como participantes ativas no trabalho fora de casa”, constatou o monitoramento. Apenas 19% dos porta-vozes são mulheres e 20% dos especialistas que aparecem na mídia.


 Nos portais e sites de noticiosos, apenas 5% dos homens foram mostrados como vítimas, em contraste com os 16% das mulheres. Desse total, 35% foram vítimas de violência doméstica, 19% estavam vinculadas a acidentes, desastres ou pobreza, e 4% foram vítimas de ofensa por razões religiosas ou culturais.


 O monitoramento da WACC 2010 detectou que nas notícias online divulgadas por portais e sites suecos a desigualdade de gênero inexiste, pois homens e mulheres foram sujeitos, cada, em 27% das informações.
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3º Seminário de Pesquisa em Comunicação da Unic aposta no intercâmbio científico

Intercâmbio de conhecimento científico é a temática que norteia o 3º Seminário de Pesquisa em Comunicação da Universidade de Cuiabá (Unic), que começa nesta terça-feira, 26, às 8h, no auditório do estacionamento da Unic, unidade Beira Rio. O evento faz parte da programação da 10ª Semana da Comunicação promovida pela Faculdade de Comunicação Social (Facs) entre 25 e 29 de outubro. Interessados devem fazer inscrição que varia entre R$ 25 (estudante Unic), R$ 30 (alunos de outras instituições) e R$ 40 (profissional), até hoje (21), às 18h, na Uniagência.


A coordenadora do 3º Seminário, professora mestre Juliana Velasco, explica que as atividades são abertas para alunos, professores de várias instituições de ensino superior e profissionais da área. “O objetivo maior do Seminário é fomentar o gosto pela pesquisa e propiciar troca entre os pares (colegas). A integração científica é importante para que docentes e acadêmicos saibam quais assuntos estão sendo pesquisados nas Faculdades de Jornalismo de Mato Grosso”.
 A direção da Facs/Unic, Alexandre Frigeri, orienta que todos os alunos, independente do semestre que estão matriculados ou do curso, participem da apresentação de trabalhos. Na disciplina Pesquisa em Comunicação, estudantes do 6º período, têm responsabilidade maior. “Os artigos devem tratar de temas dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Eles estão na fase do projeto, revisão de literatura e não são obrigados a participar, porém esse é um exercício importante que os coloca a par do rigor exigido pela ciência. Quem enfrenta o desafio a primeira vez, não quer parar mais”, ressalta a orientadora Juliana Velasco.


 Os temas das monografias são diversos, vão desde Moda, Folk Comunicação, Jornalismo Esportivo, Cultural, Político e de TV, Teoria da Comunicação até Twitter. Mônica Tessaro e Jéssica Benitez fazem parte dessa turma. Elas apresentam o artigo: “Eleições 2010: o uso do twitter na campanha dos candidatos ao Governo do Estado de Mato Grosso”. “É uma oportunidade para nós que estamos quase na reta final do curso já irmos acostumando com a responsabilidade do TCC”, comenta Tessaro.


De acordo com professor e coordenador do Núcleo de Pesquisas Aplicadas (Nupea – Facs/Unic), Cláudio de Oliveira Brandão, dois alunos do curso de Propaganda e Marketing inscreveram trabalhos sobre “Haras Twin Brothers” e “Loja Gabriela Tênis”. Neste ano, o estudante Kallel Rodrigues, orientado por Brandão, teve o artigo “O consumidor de Varejo Alimentício e a compra por impulso”, premiado pela 17ª Expocom 2010, evento realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).


Edições anteriores

Em 2008, acontece 1º Seminário de Pesquisa em Comunicação com tema “Identidade”. Na ocasião, discutiu-se sobre Comunicação Social, funções sociais, desafios e possibilidades frente aos temas relevantes a sociedade como educação, cultura, meio ambiente, literatura, violência, entre outros.
A 2ª edição do Seminário, em 2009, trouxe slogan “O Novo na Comunicação”. Durante evento, teve palestras com profissionais reconhecidos do cenário nacional e regional, além de oficinas e apresentações de painéis.
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Sai resultado do Plebicito Popular pelo Limite da Propriedade

O Coletivo Juntos Somos Fortes fez sua parte. De 4 a 7 de setembro, o coletivo organizou o Encontro de Formação Política em Comunicação do Centro-Oeste (ENFECOM) em Chapada dos Guimarães. Dentre esses dias o coletivo disponibilizou uma urna para que os estudantes pudessem votar no Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade.

Meio milhão de brasileiros e brasileiras dizem sim ao limite da propriedade de terra

Nesta terça-feira (19), o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) apresentou aos jornalistas, em coletiva de imprensa, o resultado do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade. A campanha foi realizada entre os dias 1º a 12 de setembro deste ano e contou com a participação de 519.623 pessoas. Participaram da coletiva Gilberto Portes do FNRA, o professor Ariovaldo Umbelino, da Universidade de São Paulo (USP), Willian Clementino, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Dom Pedro Stringhini, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e  Pe. Gabriele Cipriani, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

A reportagem é de Maíra Heinen e publicada pelo sítio do Cimi, 19-10-2010.

Em toda a coletiva, o tom dos participantes era de satisfação por terem conseguido um número expressivo de pessoas que disseram sim ao limite da propriedade de terras. O plebiscito questionou se concordava que as grandes propriedades de terras no Brasil precisavam de um limite de tamanho e se concordava que o limite na propriedade de terra possibilitaria o aumento da produção de alimentos saudáveis e melhores condições de vida no campo. 95,52% responderam afirmativamente à primeira pergunta e 94,39% responderam afirmativamente à segunda questão.

O secretário de política agrária da Contag, Willian Clementino, afirmou que está feliz com o resultado e que esta não é a primeira nem a última iniciativa na luta pela terra no país. “Foi uma grande oportunidade de dialogar com a sociedade para que ela compreenda a urgência na mudança da estrutura agrária vigente”, declarou. Ele também destacou que o plebiscito também serviu para tornar público que são os pequenos trabalhadores rurais que alimentam a sociedade brasileira.

Igreja participativa

Dom Pedro Stringhini, bispo da CNBB e membro da comissão episcopal de pastorais sociais na entidade, ressaltou que desde a sua fundação, a CNBB sempre pautou a questão fundiária e a luta pela terra, através de várias ações e publicações. “A luta pela terra é uma questão prioritária para comissão de pastorais sociais”, afirmou.

Stringhini ressaltou também a grande diferença entre a agricultura familiar, fruto de reforma agrária, e o agronegócio. “A agricultura familiar produz trabalho, alimento saudável e protege o meio ambiente. Falo isso porque vejo em São Paulo que o ambiente natural está devastado pela monocultura da cana”. De acordo com o bispo, a luta primordial é pela dignidade do trabalhador no campo e na cidade e que as pastorais se juntam aos movimentos sociais neste embate.

Dados alarmantes
 
Muitos exemplos de violação à função social da terra foram dados pelo professor da área de Geografia da USP, Ariovaldo Umbelino. Ele ressaltou que na própria constituinte o limite da propriedade de terra foi removido para tentar destruir a possibilidade de estabelecer limites. “ A função social da terra não vem sendo cumprida, pois 200 mi hectares de terras são improdutivas no Brasil. Além disso, com a proposta de um novo código florestal, os latifundiários querem uma lei que os favoreça”, destacou.

Umbelino também lembrou as questões trabalhistas dentro do agronegócio. “Os latifundiários não se preocupam com leis. A própria legislação trabalhista não é respeitada. Em terra onde se encontram cultivos de drogas, as terras não são expropriadas”, ressaltou. Ele também deu destaque à questão da empregabilidade. “Pelo agronegócio, 1,4 trabalhadores são empregados por propriedade, já pela agricultura familiar, são 17 trabalhadores".

Informações importantes de concentração de terras foram apresentadas pelo professor. Segundo ele, pelo índice de concentração de terras, que varia de 0 a 1, onde o zero seria a perfeita distribuição de terras e o 1 a mais alta concentração, o Brasil situa-se atualmente no nível 0,854, o que é considerado muito alto. “O estado brasileiro tem os maiores latifúndios da humanidade e nunca teve uma atitude política de controlar seus territórios”.

Outros dados apresentados foram os dos maiores proprietários de terras no país, onde situam-se em 4º e 6º lugar o Banco do Brasil, com 164 mil hectares e o Banco Bradesco, com 131 mil hectares, respectivamente. Pelos números apresentados por Ariovaldo Umbelino também se percebe que os maiores latifúndios se concentram na região norte do país.

Para Umbelino, os próprio cadastro de terras do Incra precisa ser investigado, pois existem muitas divergências com cartórios e muitos erros que impossibilitam a pesquisa correta sobre grandes donos de terras no país.

Importância da iniciativa

A magnitude da campanha foi ressaltada por Gilberto Portes, do FNRA. “São mais de 54 entidades envolvidas nesse processo que resultou numa grande consulta popular com resultado quase unânime”,destacou.

Segundo Portes, a próxima iniciativa será entrar com uma proposta de emenda constitucional para que o limite da terra tenha destaque na Constituição Federal e também lutar para que o governo estabeleça o 3ª Plano Nacional de Reforma Agrária. “O Plano é diretamente ligado ao modelo de produção que queremos, tem a ver com a economia, com o tipo de emprego e com a preservação do ambiente. É uma obrigação do Estado elaborar este plano de reforma agrária e também vamos insistir para que isto seja feito”, finalizou.
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

NACIONAL: Começa a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação

Lia Segre, estudante de jornalismo da USP e militante da ENECOS
do Observatório do Direito à Comunicação

O dia 17 de outubro é conhecido pelo dia que, em 1978, revogou a Emenda Constitucional nº 11 (AI-5), o dia que Madre Teresa foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 79, e o dia que os restos de Che Guevara foram enterrados em Cuba, no ano de 1997. No Brasil, desde 2003, apesar de não estar escrito nas agendas, é o dia de luta pela democratização da comunicação. E como vem acontecendo desde então será marcado por eventos organizados pelos movimentos sociais de comunicação por todo o país.
“Nos anos 90 a gente realizava estes eventos pela democratização da comunicação em setembro, por terem diversos dias que fazem referência ao campo da comunicação. Depois de determinado momento, quando teve um vácuo de alguns anos nas mobilizações, elas começaram a ser feitas em outubro”, conta Cláudia de Abreu, do grupo ComunicAtivistas do Rio de Janeiro.
A mobilização em outubro começou em uma articulação da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos), o Centro de Mídia Independente e o Intervozes. Segundo Ana Straube, à época militante da Enecos, que ajudou na organização da primeira semana em 2003, em São Paulo exibiu o filme muito além do Cidadão Kane na Avenida Paulista. Em 2004 montaram uma feira no Parque do Ibirapuera com várias entidades e uma semana de debates na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Rogério Tomaz Jr. foi da coordenação da Enecos de 2001 a 2003, ajuda a recuperar a história. As pautas relacionadas à democratização da comunicação ficaram paradas por cerca de três anos, devido a derrotas expressivas do setor, como a privatização das teles e a lei do cabo. O próprio Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação ficou alguns anos sem fazer plenária anual, só retomando em novembro de 2001, pois nesse momento houve debate na Câmara sobre comunicação.
Em julho de 2002, a Enecos fez seminário em Belém, e lá surgiu a idéia de se trabalhar novamente com o tema da democratização em nível nacional, depois de anos de predominância de pautas relacionadas a currículos e Provão dentro da executiva de estudantes. “O seminário de julho foi a semente”, conta Rogério.
Os últimos detalhes foram acertados no Congresso anual da Enecos, no fim de janeiro de 2003. A abordagem foi denunciar a renovação automática das concessões de rádio e TV.
Quanto à escolha do dia 17, é relacionado ao Media Democracy Day, dia mundial pela democratização da mídia. Esse dia existe desde 2001, e tem a ver com o lançamento da BBC, que era vista como modelo de emissora pública plural. Apesar de o dia mundial ser dia 18, por uma desatenção, no Brasil adotou-se 17.
Em muitos estados já estão ocorrendo discussões sobre a democratização, e o calendário pode ser conferido na Agenda do Observatório.
Apesar da semana ter aparentemente perdido força desde os primórdios, a discussão sobre os temas relacionados aumentou muito, acredita Rogério. “Surgiram muitos temas desde 2003: TV digital, PL 29, comunicação pública com criação da EBC, a Conferência, que é luta que travamos a fórceps”. A razão da semana de aglutinar os temas deixou de ser necessária por que militantes e pesquisadores passam o resto do ano discutindo essa questão.
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domingo, 17 de outubro de 2010

Jornalismo é Comunicação Social?

Dia 19 de fevereiro de 2009 foi uma quinta-feira que pode se tornar histórica para os cursos de jornalismo do Brasil. Naquele dia foi instalada a comissão de notáveis - nobres especialistas - que seriam responsáveis por subsidiar o Ministério da Educação na revisão das Diretrizes Curriculares do Jornalismo.

O presidente da Comissão é José Marques de Melo, premiadíssimo professor e Presidente de Honra da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Mais cinco grandes pesquisadores o acompanhavam na empreitada de reformar os cursos de jornalismo do país.

Em uma tentativa pífia de democracia, foram realizadas três audiências públicas nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo em março, abril e maio do ano passado. Além disso, durante um mês esteve disponível no portal do MEC uma página eletrônica para o envio de contribuições sobre aspectos levantados pela comissão. 

“Cada audiência será focada em um público específico. Para a primeira, serão convidados professores e intelectuais da área; na segunda, representantes das associações, entidades de classe e jornalistas profissionais que estejam no mercado de trabalho; e para a terceira, segmentos da sociedade civil, movimentos sociais e organizações não-governamentais”, afirma Marques de Melo sobre as audiências, esquecendo-se de uma parcela da sociedade muito interessada nesse debate: os estudantes.

Entre os trabalhos da comissão, um fato importantíssimo alterou o cenário nacional: a decisão do Supremo Tribunal Federal de revogar a Lei de Imprensa e a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional. 

proposta final da comissão é um documento digno dos pesquisadores que o confeccionaram, com ampla fundamentação teórica. Porém, os "notáveis" propõe que o novo projeto pedagógico dos cursos de jornalismo deve:
Estar focado teórica e tecnicamente na  especificidade do jornalismo, com grande atenção à  prática profissional, dentro de padrões internacionalmente reconhecidos, comprometidos com a liberdade de expressão, o direito à informação, a dignidade do seu exercício e o interesse público; (grifo dos autores)
No documento ainda está prevista a preparação dos jornalistas para trabalhar nas assessorias e de forma autônoma. Nessa exigência de foco no específico, jornalismo se descolaria da Comunicação Social e se tornaria uma área separada. Assim, nossas universidades formariam profissionais técnicos, sem a teoria necessária para analisar o contexto em que estão, e impossibilitados de transitar entre a Publicidade, o Audiovisual, as Relações Públicas, a Produção Cultural e tantas outras área que compõe as Ciências da Comunicação.

A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (ENECOS) se posicionou de forma crítica à essa proposta e aprovou em Congresso a Campanha "Somos Todos Comunicação Social":
Organizada em quase todos estados da Federação, a campanha reuniu assinaturas e foram realizados Seminários. Porém, seu ápice aconteceu na última Audiência Pública, promovida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em Brasília. Militantes da ENECOS trataram de participar, levando a posição da Executiva. O relato e as conclusões referentes à Audiência estão na Nota abaixo.
Nota oficial de posicionamento político da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) sobre as Novas Diretrizes Curriculares para o Curso de Jornalismo (NDJ)
No dia 8 de outubro, sexta-feira ocorreu no auditório do Conselho Nacional de Educação (CNE), a Audiência Pública que debateu as Novas Diretrizes Curriculares do Jornalismo (NDJ). No presente momento, a Enecos se fez representada na reunião explanando para todos e todas que estavam presentes na audiência ou acompanhando pela internet o posicionamento da Executiva frente às NDJ. Para reafirmar e oficializar a nossa compreensão política do que se refere à formação profissional do comunicador social, viemos por meio deste manifestar a nossa decisão:
·         Entendemos que qualquer projeto político que se refira a formação profissional do comunicador, sua modificação, ou criação de outros parâmetros, deve, sem sombra de dúvida, garantir a participação de diferentes setores da sociedade civil que estejam relacionados direto ou indiretamente com a comunicação social. É preciso garantir a pluralidade do debate político em todos os processos, para que a proposta seja socialmente referendada;
·         A constituição de três audiências públicas (Rio de Janeiro, São Paulo e Recife) para a formulação pública da proposta de NDJ não contempla nem 1% das escolas de comunicação existentes no Brasil. Inclusive nas três audiências tiveram representações estudantis, porém a ENECOS, não recebeu nenhum convite oficial para a participação nas audiências. É necessário garantir o debate político sobre o tema abordado para que professores, estudantes, técnicos e comunicadores sociais possam refletir, debater e propor políticas; Sem debate político, não há proposta política;
·         As Novas Diretrizes Curriculares para o Jornalismo traz em seu conteúdo questões referentes a pesquisa e a extensão colocando-os como atividades complementares e não mais como pilar fundamental para a garantia da formação profissional qualificada e humanística; Para nós a pesquisa e extensão compõe os três pilares necessários para a garantia mínima de uma formação qualificada: ensino, pesquisa e extensão;
·         A proposta das NDJ não contempla a pesquisa na área da comunicação social, nem muito menos na área de Jornalismo, a partir do momento que aponta os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) como trabalhos práticos de cunho jornalístico, impossibilitando ao estudante a carreira acadêmica e/ou pesquisador.
A partir destes pontos citados, entendemos que o processo de construção das NDJ foi construído de maneira vertical, sendo uma proposta feita por uma comissão de especialistas que, de longe, não contempla as organizações políticas que pensam, debatem e formulam políticas para a comunicação social no Brasil. O resultado desta construção antidemocrática é a inexistência de debates políticos nas escolas de comunicação do Brasil sobre as NDJ, o que é para nós, uma construção equivocada de uma proposta que representa somente os interesses do mercado e das empresas jornalísticas.
O objetivo das NDJ está claro: lançar para o mercado, em um curto espaço de tempo, profissionais minimamente capacitados para reproduzir a técnica jornalística sem questionar as condições indignas de trabalho que hoje os trabalhadores sofrem e sem refletir sobre o papel que a comunicação exercer na manutenção do status quo da sociedade, assim como ela, opressora, desigual e a serviço da classe dominante.
Entendemos que a proposta de diretrizes para o Jornalismo não só interessa aos jornalistas, estudantes da habilitação ou pessoas que trabalham em jornais e/ou redações, interessam a todos os comunicadores sociais. O que está colocado para nós com a NDJ é a extinção da área de Comunicação Social como área de conhecimento, assim como se fez com o Jornalismo e se quer fazer com Relações Públicas. A inexistência do debate político encobriu e fragmentou a discussão impossibilitando ao conjunto dos interessados pelo tema, uma compreensão macro dos fatos envolvidos.
Para tanto, nós da ENECOS, somos contra o método utilizado pelo MEC/Comissão de Especialistas para a construção das NDJ, inclusive lamentamos, enquanto estudantes, que a proposta do Jornalismo não consiga, em sua própria construção, garantir a pluralidade das vozes envolvidas nos fatos.
Para nós, é necessário que a proposta de Diretrizes Curriculares para o Jornalismo, neste momento, seja paralisada, ou seja, que não se aprove as NDJ e que se reabra audiências públicas e debates políticos em todos os estados do Brasil até o final do ano de 2010, para minimamente garantirmos o debate e a formulação política sobre o tema. Depois de feito os debates políticos, abriremos um processo de plebiscito nas escolas de comunicação, no primeiro semestre de 2011, para votar se queremos ou não a separação das habilitações e a extinção da área de Comunicação Social. Sinalizamos desde então, que não concordamos nem muito menos iremos compactuar com as NDJ construída de maneira antidemocrática, que não representa os interesses do povo e que só está a serviço das empresas.
Gostaríamos de dizer que estamos dispostos às discussões políticas, assim como também estamos dispostos a nos mantermos mobilizados para enfrentar qualquer proposta que desloque nossa formação profissional, tão e somente para o mercado, descontextualizando a nossa verdadeira função social que é estar a serviço do povo e da classe trabalhadora.
 Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social - ENECOS
 EM DEFESA DA NOSSA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
SOMOS TODOS COMUNICAÇÃO SOCIAL!

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sábado, 16 de outubro de 2010

A pobreza da riqueza.

Por Cristóvam Buarque 




Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. 


São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito. 


Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos. 

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa. 

Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência. 

No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente. 

Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros. 

Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria. 

A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados. 
Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. 

Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença. 

Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras. 

Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez. 

Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas". 
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Programa A Sua Cara

Os alunos do 6º semestre de Rádio e TV da UFMT, turma 2009/2, produziram um vídeo de 5 minutos sobre o Movimento Sem Terra. Vale a pena assistir:





Direção e edição: Gustavo Zazu e Madiano Marchetti
Produção: Sofia Louzada
Apresentação: Juliana Segóvia
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domingo, 3 de outubro de 2010

Em que eu vou votar.

                Um amigo me perguntou em quem vou votar nessas eleições.. Logo, eu disse que anularia todos os votos. Ele me questionou se eu acreditava que adiantaria.. Ninguém se surpreende com uma pergunta depois de repetida por inúmeras vezes. Reconheço que apenas anular não é efetivamente estar nas barricadas. Mas o fato é que, me causa repulsa ter que escolher a forma da minha morte, sendo a vida uma possibilidade. O voto não é a única opção para o brasileiro. Eu não voto por não me interessar.
                Na Espanha e em boa parte da Europa, pipocam manifestações populares contra as medidas de austeridade tomada pela União Europeia; uma greve geral espanhola retrata bem a situação de lá. E aqui? Aqui querem satisfazer o nosso anseio por justiça social com uma urna eletrônica. Correntes decadentes do cristianismo pregam a submissão total ao Estado. Devem ficar em casa, sair só pra votar, mas o livro que revela a personalidade de Deus é claro, ao afirmar que injustiça social não é vontade divina. As ruas é o destino de quem quer mudança.
                 Existe um enorme conluio de interessados no tal exercício da cidadania; me nego a chamar de conspiração esse coletivo, pois uma conspiração tem caráter mais secreto. Nesse coletivo militam abraçados todos os que tem o mesmo interesse. Chega a ser paradoxal que o sistema capitalista, que privilegia a individualidade, seja o motivo da formação de tal coletivo pois, Rosseau em Do Contrato Social, afirma que o coletivo é formado quando vários individuos dispõe do mesmo objetivo ou interesse. O Coletivo citado representa a burguesia e seus interesses, manifestando assim uma perversa consciência de classe, interesses que sintetizam a tão famigerada governabilidade. Com os meios de comunicação em mãos, pregam a democracia do voto.
                     O meu amigo não entende que, assim como ele pretende eleger determinado candidato com o seu voto, eu, quando anulo, digo que quero anular o sistema eleitoral, politico e principalmente, social. Mas se você, como ele, acredita que democracia se resume ao voto, eu convido ambos a abandonarem a mediocridade que nos foi imposta e, no domingo, dia que celebram o estado de menoridade democratica do país, mostrem que, assim como eu, não se interessam por fome, miséria, educação sucateada.
Não sente na mesa em que sua cabeça é servida.

Felippy Damian
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