Por Keka Werneck*
Quando a situação é limite, a coisa fica preta. Delinqüentes de toda espécie formam listas negras. Alguém desagradável chega e fecha o tempo.
Por outro lado, uma orientação em boa hora clareia o pensamento. A mulher dá luz ao bebê. Os esclarecidos são inteligentes.
No mundo racista, preto, negro e escuro significa ruim, inferior, pior.
Em todas as sociedade escravagistas, como no Brasil, essa ideologia perpassa a vida das pessoas, muitas vezes sem que elas percebam. É o inconsciente coletivo. Nos detalhes, inclusive lingüísticos, perpetua-se o julgo de uma raça sobre outra, como se houvesse mais que apenas uma, a humana.
A maioria das crianças brasileiras que morrem por doenças tratáveis é negra. Parturientes negras morrem mais do que as brancas. A maioria dos empobrecidos nas favelas é negra. Nos presídios, purgam os negros e negras, maioria nas celas. Entre os que estão fora da escola, persistem os negros. A maioria dos trabalhadores na informalidade, sem direitos trabalhistas, é negra. Se isso não for apartheid racial...
Fala-se hoje sobre o bullying, que é o assédio psicológico e físico insistente na escola, e que gera alto nível de estresse e sofrimento à criança. O racismo é o bullying mais antigo. Já existia quando ainda não se falava nisso, nem se falava em racismo, nem em nada disso.
O fato de não ser preto não isenta ninguém de refletir sobre racismo. Devem refletir sobre isso todas as pessoas de bem, em todo lugar do planeta. Não é só no Brasil que isso acontece. O racismo é um problema internacional. E não apenas de negros.
O dia da consciência negra, no Brasil, é 20 de novembro, quando morreu Zumbi, herói brasileiro. Hora de lembrar que as coisas, situações e pessoas pretas e brancas são boas e ruins.
E tem tanta coisa linda preta. A noite escancarada, o mistério da madrugada, olhos como jabuticabas, a amora adocicada. O pelo da pantera. Esse povo brasileiro...
Essas coisas tão nossas, tão belas!
* Keka Werneck é jornalista em Cuiabá.
sábado, 20 de novembro de 2010
Escureceu...
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